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Cultura do Diálogo: O Pensamento Musical Heterodoxo de Gilberto Mendes

Dr. Gilberto Mendes foi um vanguardista, à frente de seu tempo, se orgulhava em nos dizer que nasceu em 1922, o ano da arte moderna em sua famosa semana paulistana. Em sua índole avant-garde, Gilberto caminhava cada vez mais para o pós-moderno, seu dogma era o não se limitar a “escolas de pensamento” alheias, mas a busca de identidade musical própria, que circundava entre o formalismo e o experimentalismo, “procurar a disciplina na liberdade; e por que não procurar a liberdade na disciplina?” (MENDES, 1994, 166). Gilberto cria sentido lógico nesta fusão conceitual. Gilberto Mendes se dizia um formalista, parece tão irônico quanto sua personalidade, na verdade, o fato é que ele usava de “formalismos”. Foi um inventor, criou formas e delas se apropriou, e nelas ampliou ou se desviou para momentos de liberdade sem forma prévia.

Entretanto, tinha sempre um ponto referencial, embora não evidente, como a arte de esconder a própria arte. Foi um catalisador, criou formas a partir de outras anteriores e até inconciliáveis formas estruturais da música para criar a sua nova e própria. Foi interdisciplinar, usou da linguagem de outras artes para expandir sua expressividade – citações, uso da poesia, do teatro, da dança, dos recursos da imagem.

Nesta intertextualidade, numa visão ampla procurou fundir esses meios expressivos da cultura humana para potencializar sua comunicação, embora muitos não entendessem essa nova, e por vezes, contundente comunicação artística, pois claramente ele estava dando passos à frente. Este espírito pós-moderno de fusão, conciliação do inconciliável, de alargamento das fronteiras, fez de Gilberto Mendes o primeiro e grande compositor brasileiro neste campo; a despeito do próprio Gilberto não se auto conceituar, nem moderno nem pós. Contudo, há algo tão contemporâneo nisso quanto a hibridização, o conceito-não-conceituado?

Gilberto Mendes e sua linguagem artística inovadora trouxe implicações desembocando no “pós-modernismo” musical brasileiro. O pressuposto básico do próprio Gilberto Mendes é que, diante de uma nova sociedade e demanda cultural e política, a arte deveria se expressar de forma totalmente nova. Para Mendes, a percepção prevalece sobre o signo, e sobre a forma. Antes, a forma e a técnica estão a serviço de pensamento e do eu, não o inverso. Desta feita,

É SAL É SOL É SUL… DE NOUVEAU…POIS!!!
necessário seria criar uma linguagem que detivesse tal potencial expressivo de comunicar-se com este novo homem, distante do antigo romantismo sentimentalista e irreal, ou mesmo de um nacionalismo popularesco ou, por vezes, exacerbadamente ignorante. Para isso, o compositor (re)signifcou antigos cânones musicais numa (des)construção e (re)aplicação inteiramente diversa.

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